quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Três homens maus

Os três homens mencionados em Judas versículo 11 são ilustrações claras e tristes de pessoas que receberam privilégios, mas preferiam rejeitá-lo. Conseguiram posições que muitos outros gostariam de alcançar, mas agiram como se estas posições não tivessem qualquer valor para suas vidas. 

Estes três homens: Caim, Balaão e Coré, tiveram ligações diretas com coisas espirituais. Caim levou um sacrifício para adorar a Deus. Balaão era um profeta. Coré era levita.

a) O “Caminho de Caim” – sua indiferença.
É muito possível que Caim e Abel tenham ouvido de seus pais a maneira como deveriam chegar-se a Deus. Fizeram a coisa certa: cada um levou um sacrifício ao Senhor (Gn 4:3-5). Caim, porém, não levou o que Deus ensinou que deveria ser levado (Gn 3:21). Ele levou o que representava seu esforço e capacidade. Foi indiferente ao sacrifício de Deus.

Logo depois, seguiu seu próprio caminho, dizendo: “E da Tua face me esconderei” … “e saiu Caim de diante da face do Senhor” (Gn 4:14, 16).

b) O “prêmio de Balaão” – seu interesse.
O relato solene de Nm 22-24 descreve o interesse desenfreado de Balaão, um profeta que, cobiçando em seu coração o prêmio oferecido por Balaque, desejou a todo custo fazer exatamente o que o inimigo do povo de Deus queria. Nas palavras dele, parecia ser um profeta fiel, que só faria o que Deus mandasse fazer, mas em seu coração ele “amou o Prêmio da injustiça” (I Pe 2:15). Em sua boca proferiu uma linda profecia; em seu coração preferiu um injusto prêmio!

c) A contradição de Coré – sua insubordinação.
Coré era levita e, portanto, tinha uma posição de honra no serviço para Deus no Tabernáculo. Mas estava insatisfeito com isso. Sua rebelião contra a liderança espiritual que Deus tinha constituído mostrou seu interesse por ocupar o cargo mais elevado (Nm 161-3). Sua rebelião trouxe prejuízo para todo o povo, mas mais particularmente para ele e para quem o seguiu (Nm 16:31-35).

Caim é um exemplo de alguém que tem tudo para ser um salvo, mas prefere não crer. Balaão é um exemplo de alguém que se diz salvo, vive como salvo e faz coisas de salvo, mas em alguma altura da vida mostra que nunca foi salvo. Coré é um exemplo de alguém verdadeiramente salvo, mas que se comporta como se não fosse, preferindo agir pela carne, ao invés de se submeter ao Espírito.

Que Deus nos livre de ser parecidos com algum destes três homens maus!

Pela fé - Samuel

Samuel é o décimo sexto nome mencionado em Hebreus 11 (v. 32). Há vários detalhes importantes a respeito dele que vale a pena mencionar. O nome Samuel quer dizer “pedido a Deus”, e praticamente tudo na vida dele envolvia oração.

a) Resposta. O nascimento de Samuel foi o resultado da oração confiante de sua mãe (I Sm 1:9-28). Ela pediu um filho não para “gastar em seu próprio deleite” (Tg 4:3), mas para que ele fosse devolvido ao Senhor e pudesse servi-Lo.

b) Responsabilidade. Durante sua vida, Samuel considerou a oração como sendo tão importante que, para ele, deixar de orar pelo povo seria o mesmo que cometer pecado (I Sm 12:23).

c) Respeito. A Bíblia destaca não só a importância que Samuel dava à oração, mas também, a importância que o povo dava às orações dele. Numa ocasião dramática, o povo suplicou a Samuel que não deixasse de orar por eles (I Sm 7:7-10).

Samuel foi o primeiro de uma classe de profetas (At 3:24) e o último dos juízes (At 13:20). Antes dele, os juízes libertaram o povo de Israel de várias formas, mas a forma como Samuel libertou foi, principalmente, através da oração. Não é de se admirar que Samuel é colocado ao lado de Moisés como exemplos de homens que tinham grande influência em suas orações (Jr 15:1).

Tudo isso começou por causa de uma mulher estéril que orou a Deus.


A fé de uma mãe fiel pode influenciar a fidelidade de um homem de fé.

Pela fé - Davi

Davi é o décimo quinto nome mencionado em Hebreus 11 (v. 32), entre aqueles que fizeram muitas coisas pela fé. Seu nome quer dizer “amado”, e era exatamente assim que o povo o considerava. Veja três razões:

a) Companhia. Individualmente, Davi conquistou o amor daqueles com quem convivia.

* Saul o amou por causa do alívio que sentia quando Davi estava presente e tocava a harpa para ele. Por isso, pediu ao pai de Davi que o deixasse ficar com ele (I Sm 16:21-23).

* Jônatas o amou por causa da coragem que viu naquele jovem. Jônatas era um homem corajoso, mas depois que Davi desafiou e derrotou Golias, viu neste um homem em cuja companhia queria estar. Os presentes que deu a Davi foi prova do amor e amizade que se iniciava ((I Sm 18:1-4).

* Mical o amou por ver nele o caráter de um futuro esposo em cuja companhia queria estar pelo resto da vida (I Sm 18:20, 28).

b) Conquistas. Não foram apenas indivíduos que amaram Davi. O povo, coletivamente, também o amou. A forma como conduzia as tropas do exército e cada vez mais libertava o povo da opressão dos inimigos, fez com que o país inteiro o amasse (I Sm 18:16).

c) Confiança. Mais importante, porém, é ver o amor de Deus por este homem. Por um lado, a Bíblia mostra que Deus achou a Davi (Sl 89:20) por que Davi era um homem segundo o coração de Deus (I Sm 13:14; At 13:22). Por outro lado, também Lemos da confiança que Davi tinha em Deus: “Pois Tu… és a minha confiança desde a minha mocidade” (Sl 71:5).

Davi era um homem em cuja companhia se queria estar. Era um homem que havia conquistado mais coisas para os outros do que para si mesmo. Era um homem que confiava em Deus desde muito novo. Como não amar alguém assim?

Se queremos ser amados pelos indivíduos, pelo povo e, principalmente, por Deus, não podemos exigir que o façam; precisamos dar razões para que o façam.

Pela fé - Jefté

Jefté é o décimo quarto nome mencionado em Hebreus 11 (v. 32). Foi um dentre os muitos homens e mulheres que realizaram grandes feitos pela fé. O nome Jefté quer dizer “opositor”, e há dois combates em sua vida que ilustram muito bem o tipo de oposição que ele enfrentou. Por outro lado, há duas qualidades pessoais nesse homem que precisam ser notadas.

a) Dois combates.

i) Contra os adversários – Jz 11:32, 33. Esta oposição e combate que Jefté teve contra os filhos de Amom é legítima e aceitável. Eles vieram contra Israel e queriam tomar as terras, mas Deus usou Jefté para subjugar os inimigos. Samuel reconheceu que este livramento pela mão de Jefté veio do Senhor (I Sm 12:11).

ii) Contra os amigos – Jz 12:1-6. Este segundo combate que Jefté teve não foi contra os que vinham de fora, mas contra os que estavam dentro. A tribo de Efraim reclamou por não ter participado da vitória. Eles foram convocados (v. 2.), mas, ao que parece, não queriam participar do combate, e sim, da honra pela conquista. Por causa do combate que Jefté e os gileaditas tiveram contra eles, quarenta e dois mil de Efraim morreram (v. 6).

Não podemos deixar de perceber, aqui, dois exemplos opostos. No primeiro caso, devemos aprovar a atitude Jefté. Sua oposição foi para manter o território e limites do povo de Deus. No segundo caso, não podemos concordar com ele (mesmo que os efraimitas tenham errado). Esta sua oposição trouxe grande baixa e prejuízo ao povo de Deus.

Estes dois combates podem ser comparados ao que aconteceu em Atos 15. O primeiro combate ali foi contra os adversários, que queriam introduzir ensinos errados no meio do povo de Deus (At 15:1, 2). Este exemplo deve ser seguido. Mas o segundo combate foi entre os próprios defensores, dois grandes amigos (At 15:36-40). Este exemplo deve ser evitado.

Mas antes de terminar, convém notar coisas positivas em Jefté. Se há dois combates nos quais ele se mostrou oponente, também há duas qualidades a respeito das quais ele se mostrou moldável.

b) Duas qualidades.

i) Diante dos homens. Jefté era um “homem valoroso” (Jz 11:1). A mesma qualidade destacada em Gideão (Jz 6:12). Como é diferente o testemunho onde os homens podem ver valores eternos num homem e numa mulher de Deus!


ii) Diante de Deus. “Então o Espírito do Senhor veio sobre Jefté…” (Jz 11:29). Não foi a coragem, o poder bélico ou as estratégias de guerra que deram a vitória a Jefté e ao povo de Israel. Foi o Espírito de Deus. Como progride a obra do Senhor quando entendemos que não é “por força nem por violência, mas sim pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos” (Zc 4:6)!

Pela fé - Sansão

Sansão é o décimo terceiro nome mencionado em Hebreus 11 como os que fizeram alguma coisa pela fé (v. 32). Comparando sua menção aqui com o relato de sua vida em Jz 13-16, podemos perceber três coisas principais em sua vida.

a) Sua força. O nome “Sansão” quer dizer “pequeno sol” (ou “ilustre”, “forte”), e nos faz lembrar da força irresistível que o Sol tem (Jz 5:31). Nas três ocasiões quando o “Espírito do Senhor se apossou dele” (na outra ocasião o Espírito o incitava – Jz 13:25), temos ilustrações da força física que Sansão tinha:

i) para matar um leão (Jz 14:6);
ii) para matar trinta homens (Jz 14:19);
iii) para rebentar cordas novas (Jz 15:14).

b) Sua fraqueza. Lamentavelmente, Sansão também mostrou fraquezas. Se três vezes a Bíblia enfatiza que o Espírito do Senhor se apossou dele, também lemos de três mulheres em sua vida, cada uma das quais mostrando a fraqueza que ele tinha:

i) uma mulher dos filisteus (Jz  14:1);
ii) uma mulher prostituta (Jz 16:1);
iii) Dalila, que o traiu (Jz 16:4).

c) Sua fé. Mas, apesar da fraqueza, o nome de Sansão é mencionado em Hebreus 11, como um dos que fizeram alguma coisa pela fé, e sua fé pode ser evidenciada nas duas únicas ocasiões em que lemos dele orando e confiando em Deus para lhe dar o que precisava:

i) quando estava desfalecendo de sede e pediu a Deus que lhe desse água (Jz 15:18, 19);
ii) quando pediu a Deus que o fortalecesse só mais uma vez (Jz 16:28).

Há, ainda, outro detalhe importante sobre Sansão que precisa ser destacado. A primeira vez que lemos do Espírito do Senhor sobre Sansão, ele estava num lugar entre Zorá e Estaol (13:25). Foi exatamente neste lugar que Sansão foi enterrado (16:31). O lugar do começo promissor, foi também o lugar do fim trágico do mais forte dos juízes!

A lição é clara, solene e atual. O Espírito Santo é a Pessoa divina que fortalece nas fraquezas e capacita para vencermos a carne. Mas se confiarmos em nós mesmos, a carne é que nos vencerá, e o que antes foi indício de um bom servo de Deus, pode vir a ser o fim de uma vida útil.


Mas este artigo, e nossas vidas, não precisam terminar lembrando das fraquezas desse homem forte. Precisamos lembrar que ele orou ao Senhor pedindo ajuda. E é assim que sempre deve ser conosco. Mesmo nos dias de maiores vitórias, clamemos o socorro de Deus como nos dias de maiores fraquezas. “Porque quando estou fraco então sou forte” (II Co 12:10).

Pela fé - Baraque

Surpreende ver o nome de Baraque aqui em Hebreus 11:32, e não o de Débora. No entanto, precisamos reconhecer a sabedoria de Deus nisso. O nome Baraque quer dizer “relâmpago” e neste nome está um dos segredos de sua fé e do poder de Deus.

O inimigo do povo de Deus naqueles dias tinha “novecentos carros de ferro” (Jz 4:3). Quando Baraque reuniu os homens para combater contra Sísera (4:10), este reuniu todos os seus carros para o combate (4:13), mas teve que descer e fugir a pé, enquanto Baraque perseguia os carros que ficaram (4:15, 16).

Se Sísera tinha tantos carros, por que fugiu a pé? Se era fisicamente mais bem preparado do que Baraque, por que foi derrotado?

A resposta às perguntas acima se encontram nas palavras cantadas depois da vitória: “Desde os céus pelejaram…”, “o ribeiro de Quisom os arrastou…”, “os cascos dos cavalos se despedaçaram…” (5:20, 21, 22). Parece que no dia da batalha houve uma chuva torrencial, de tal forma que o ribeiro transbordou e a lama que se formou imobilizou os carros de Sísera. Não podendo mais contar com sua maior força, ele teve de descer de seu carro e fugir a pé. A chuva foi providenciada por Deus. Na verdade, “o Senhor derrotou a Sísera” (4:15).

Em pelo menos três cânticos diferentes faz-se referência à autoridade de Deus para usar fenômenos como chuvas, trovões e relâmpagos para derrotar os inimigos.

Débora e Baraque: “Desde os céus pelejaram…” (Jz 5:20).
Ana: “Desde os céus trovejará sobre eles…” (I Sm 2:10).
Davi: “Trovejou desde os céus o Senhor…” (II Sm 22:14).

Os relâmpagos são feitos por Deus (Jr 51:16) e são pequenas amostras de Seu poder irresistível (Sl 97:4). Quando o povo de Israel temeu ser derrotado pelos filisteus, Deus fez trovejar sobre eles e os derrotou (I Sm 7:10). Depois, para demonstrar sua insatisfação com o povo por ter pedido um rei, Deus deu trovões e chuvas (I Sm 12:17, 18).

De cima, Deus enviou chuvas e relâmpagos. De baixo, Ele enviou o exército de Israel e Baraque, o Seu “relâmpago” humano. Apesar da resistência inicial, Baraque creu em Deus e foi usado na terra como um relâmpago temível.


Quão grandes coisas Deus pode fazer através de um servo que confia nEle!

Pela fé - Gideão

Depois de destacar vários nomes e os feitos fiéis dos servos de Deus no passado, o escrito aos Hebreus agora cita mais seis nomes sem dizer exatamente qual ponto de suas vidas está em evidência (Hb 11:32). Para não ir além do que está escrito, vamos apenas tentar relacionar o significado dos nomes a algum feito de fé das pessoas citadas aqui.

O primeiro desta lista (de nomes, apenas) é Gideão. Seu nome quer dizer “cortador, lenhador”. Este significado está intimamente relacionado aos episódios em que ele precisou “cortar” alguma coisa. Veja três exemplos.

a) Relacionado ao culto – Jz 6:25-32. Numa mesma noite o Senhor falou com Gideão duas vezes. Na primeira o encorajou. Na segundo o comissionou. Obedecendo à ordem do Senhor, Gideão derrubou o altar de Baal e cortou o bosque que estava ali. Como resultado disso, parece que seu próprio pai se converteu e iniciou uma volta gradual ao culto a Deus.

b) Relacionado à coragem – Jz 6:27; 7:9-15. Gideão não era um homem valente, como às vezes costumamos pensar. Por medo ele derrubou o altar de Baal e cortou o bosque à noite (6:27), e sentia alguma insegurança diante da multidão de inimigos (7:10). Era um homem de valor (“valoroso” – 6:12), não valente. Seu temor precisou ser cortado, para dar lugar à confiança.

c) Relacionado à conquista – Jz 7:2-7. O número do exército inimigo era extremamente grande. Cerca de cento e trinta e cinco mil homens (8:10). Eram, de fato, como “gafanhotos em multidão; e eram inumeráveis os seus camelos, como a areia que há na praia do mar” (7:12). Este número se contrasta, claramente, com os trinta e dois mil que estavam com Gideão. Mas ele precisou cortar este número ainda mais. Seu exército foi reduzido para dez mil e depois para trezentos homens. Um número insignificante, considerando-se o número das fileiras inimigas. Mas este corte trouxe glória para Deus.

E é desta forma que devemos encarar nossa vida cristã, aqui. Precisamos fazer cortes. É nosso dever cortar tudo o que podemos adorar que não seja o próprio Deus. É nosso dever cortar o medo e falta de confiança nAquele que nos salvou. É nosso dever cortar qualquer coisa que dará alguma glória a nós pelos feitos de Deus.


Nas palavras do salmista, “não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu Nome dá a glória” (Sl 115:1).

Pela fé - Raabe

Raabe é a segunda, de apenas duas mulheres mencionadas pelo nome aqui em Hebreus 11, que fizeram alguma coisa pela fé, e a única que não fazia parte da nação de Israel. Há três coisas aqui em Hb 11:31 que precisam ser destacadas:

a) Imoralidade: “… Raabe, a meretriz”. Como é impressionante esta identificação aqui. A Bíblia está literalmente dizendo “pela fé… a meretriz”. Isso quer dizer que para Deus não há acepção de pessoas. Não importa se é homem ou mulher; não importa se a vida fora caracterizada por extrema imoralidade ou por exemplar pureza. Se a pessoa está disposta a crer, Ele a salvará.

b) Incredulidade: “… não pereceu com os incrédulos”. O povo a que Raabe pertencia pereceu. Eles não foram destruídos por serem imorais, nem Raabe foi salva por ser decente. Raabe era uma meretriz, e é possível que a maioria das pessoas em Jericó não praticassem a prostituição. Eles pereceram porque eram incrédulos. Não é uma vida casta que leva uma pessoa ao Céu, é a fé em Cristo; e não é uma vida imoral que a conduzirá ao inferno, é a falta de fé em Cristo.

c ) Identificação: “… acolhendo em paz os espias”. Raabe acolheu em paz e segurança os espiais, porque ela creu no Deus que esses espias serviam. Ela já tinha ouvido dos grandes feitos que Deus tinha realizado diante do Mar Vermelho e diante de poderosas nações (Js 2:9-11). Sabendo disso, preferiu se identificar e acolher em paz aqueles homens para que fosse acolhida pelo Deus de paz (Rm 15:33).

Não podemos ignorar as lições tão sérias ensinadas nessas poucas palavras. Repare alguns detalhes ensinados aqui que têm aplicação atual.

Em primeiro lugar, Deus não faz acepção de pessoas. Ou, usando a linguagem das grandes manifestações atuais, Deus não é preconceituoso. Não importa se é prostituta, bêbado ou homossexual, Ele quer salvar a todos (I Tm 2:3, 4).

Em segundo lugar, Deus não abre exceções. A Sua justiça já estabeleceu que uma pessoa será salva pela fé no Senhor Jesus Cristo (Jo 3:36). Não importa se a pessoa foi boazinha ou má; se viveu uma vida religiosa ou ímpia; se era filho de crente ou se pouco ouviu falar de coisas espirituais. Toda pessoa, e qualquer pessoa, sem exceção, só será salva pela fé no Senhor Jesus.

Em terceiro lugar, Deus não muda em relação ao pecado. O Senhor Jesus perdoou pessoas que haviam cometido pecados terríveis, mas nunca aprovou suas práticas nem admitiu que continuassem do mesmo jeito. Pelo contrário, as advertia para que não continuassem envolvidas naquilo (Jo 5:14; 8:11, etc.)


Nunca devemos desprezar as pessoas, independentemente da vida que vivam. Deus não nos desprezou quando fomos salvos. Por outro lado, nunca devemos concordar com os pecados das pessoas, independentemente do apelo emotivo que a sociedade nos faça. Deus não aprova os nossos, apesar de sermos salvos.

Pela fé - a conquista de Jericó

Poucas coisas são tão ridículas à lógica do que a conquista de Jericó. Para a fé, porém, poucas coisas são tão normais como a conquista de Jericó. Em Hb 11: 30, o Espírito Santo separou o evento narrado em Js 6 como um dos exemplos de fé. Os detalhes desse evento ensinam verdades tão atuais, que parecem ter acontecido hoje.

A cidade de Jericó precisava ser conquistada pelo povo de Israel, mas esta não seria uma tarefa fácil. A cidade contava com muros tão fortes que até uma casa podia ser construída em cima deles (Js 2:15).  Além disso, a cidade estava rigorosamente fechada (Js 6:1). Era praticamente impossível derrubar seus muros ou arrombar suas portas. No entanto, três grupos de sete mostram a perfeição dos métodos de Deus. Josué deveria separar sete sacerdotes, com sete trombetas e rodearem a cidade por sete dias (sendo que no sétimo, rodeariam sete vezes). Repare que é esta atitude, de rodear sete vezes, que é mencionada em Hb 11:30.

Fazendo estas coisas, o povo de Israel mostraria sua disposição em obedecer e confiar em Deus, e o povo de Jericó ficaria ainda mais amedrontado por causa da nação que os rodeava (Js 2: 9-11). Os muros caíram não pela força de homens que podiam derrubá-los, nem por armas que poderiam abrir grandes brechas nele. Caíram pelo milagre que Deus operou por causa da obediência do povo.

Como é necessário nos lembrarmos disso hoje! O mundo está estabelecendo leis que aparentemente destruirão a moral e a vida da família. Nossa luta, porém, não é física (Ef  6:12) e nossas armas também não (II Co 10: 4). Não podemos lutar contra o mundo usando a política, a passeata, o plebiscito, etc. Não é gritando a plenos pulmões que o muro do pecado mundial cairá; no nosso caso, ele caíra pela oração (I Tm 2:1, 2) e pela fé (I Jo  5:4).

oração silenciosa feita por um homem de fé dentro de um quarto, é cem vezes mais poderosa do que duas bombas atômicas emitidas por uma grande potência mundial.


Você crê nisso?

Pela fé - a travessia do mar vermelho

O povo de Israel atravessou o mar vermelho e conheceu a forma maravilhosa como Deus pode salvar. Em Hb 11:29 são usadas três verdades sobre essa travessia que ilustram alguns aspectos da salvação de Deus.

a) O poder de Deus: “Pela fé passaram o Mar Vermelho”.
Aqui em Hb 11:29, a Bíblia enfatiza a atitude do povo. Eles foram salvos pela fé. Já em Sl 78:13 a Bíblia enfatiza a atitude de Deus. Deus abriu o mar e os fez passar. Se por um lado existe a responsabilidade do homem (pela fé), por outro lado só pode haver salvação pelo poder de Deus.

Que poderosa mão!

b) Os prodígios de Deus: “como por terra seca”.
Neste versículo de Hb 11:29, somos informados que o povo passou como se estivessem passando por terra seca. Em At 7:36 a Bíblia diz que Deus fez prodígios, e em Ex 14:21 explica que prodígios foram esses: Deus fez com que um vento soprasse, o mar se dividiu e o povo passou em seco. Há muita coisa nesta cena que não podemos explicar, assim como há aspectos da salvação que não entendemos. Sabemos que fomos salvos, e sabemos que Deus fez um milagre quando nos salvou, mas não sabemos explicar como Ele fez isso (Mc 4:26, 27).

Que prodígio misterioso!

c) A punição de Deus: “o que intentando os egípcios, se afogaram”.
Deus puniu os egípcios com a morte. Eles até tentaram atravessar o Mar Vermelho, mas a atitude deles “não estava misturada com a fé” (Hb 4:2).

Este é o triste fim de muitos que já ouviram o Evangelho. Sabem que precisam da salvação, querem ser salvos e até tentam ser salvos. Mas como é lamentável ver seus esforços vãos. Estão tentando chegar ao Céu “confiando em si mesmos” (Lc 18:9).


Que punição merecida!

Pela fé - Moisés (80 anos)

A sequência de verbos em Hb 11:23-28 sobre a vida de Moisés é impressionante. O primeiro está na voz passiva – “foi escondido”. Seus pais precisaram tomar aquela decisão porque ele ainda era um bebê. Os outros três verbos, porém, estão na voz ativa – “recusou, deixou, celebrou” – (vs. 24, 27 e 28). “Sendo já grande” (v. 24) ele era, agora, responsável por tomar suas próprias decisões, e as tomou de forma sábia.

No último verbo (v. 28) nota-se três coisas importantes sobre as atitudes de Moisés quando Deus efetuou a redenção do povo de Israel.

a) Pessoal – “celebrou”. O verbo está no singular. É verdade que todo o povo de Israel celebrou aquela primeira páscoa, mas o que se destaca aqui é a atitude pessoal de Moisés. Ele celebrou.

b) Proporcional – “celebrou a páscoa e a aspersão do sangue”. Ele comeu do cordeiro assado e passou o sangue na porta. Se apenas tivesse comido, mas não passado o sangue, teria sido trágico. Se apenas tivesse passado o sangue, mas não comido, teria sido desobediência. Ele fez as duas coisas.

c) Protetora – “para que o destruidor dos primogênitos lhes não tocasse”. Nem um fio de cabelo de Moisés e dos filhos de Israel foi tocado. Eles foram completamente protegidos!

Nunca é demais repetir isso.

 A salvação é pessoal. Um pai não pode salvar seu filho; um filho não pode salvar seu irmão. Cada um é responsável de si mesmo diante de Deus.

 A salvação é proporcional. Somente saber que Cristo pode salvar não é suficiente. É necessário crer nEle.

 A salvação é protetora. Ninguém que uma vez foi salvo por Cristo pode ser chamuscado com as fagulhas do inferno. A Pessoa de Cristo e o sangue de Cristo o protegem para sempre!


Que tão grande salvação!

Pela fé - Moisés (40 a 80 anos)

Não é fácil relacionar o tempo da vida de Moisés com o relato de Hb 11:27. O que se pode afirmar é que ele tinha entre 40 e 80 anos. Mas neste versículo, a ênfase não está tanto na época da sua decisão, mas sim, na decisão em si. Convém destacar três lições:

a) Seu coração – “pela fé deixou o Egito”.
O verbo “deixar” quer dizer literalmente “abandonar”. Moisés não deixou o Egito apenas fisicamente; todas as suas emoções também foram com ele. Ao contrário do povo de Israel que “em seu coração se tornaram ao Egito” (At 7:39), ele abandonou aquele lugar completamente.

b) Sua confiança – “não temendo a ira do rei”.
A respeito de seus pais, se diz que “não temeram o mandamento do rei” (Hb 11:23). A respeito do próprio Moisés se diz que não temeu “a ira do rei”. Certamente há uma ligação nisso. Pais que não temem a moda do mundo e criam seus filhos para o Senhor, têm mais chances de verem seus filhos temendo ao Senhor e não seguindo a moda do mundo.

Quando tememos ao Senhor, não há razão para temermos as tempestades iradas do mundo.

c) Sua convicção – “ficou firme, como vendo o invisível”.
Moisés não manquejou em sua confiança. Sua fé em Deus ficou inabalável. A razão de sua firmeza é porque ele estava “vendo o invisível”.


Esta é uma verdade que a razão não entende e a lógica não explica. A fé nos permite ser cidadãos de uma pátria onde nunca estivemos (Fp 3:20), amar a Quem nunca vimos (I Pe 1:8) e ver O Deus invisível (Cl 1:15)!

Pela fé - Moisés (40 anos)

Os versículos 24 a 26 de Hb 11 apresentam o segundo exemplo de fé tirado da vida de Moisés, quando ele estava com 40 anos. Nestes versículos três contrastes ficam evidentes.

a) Fase x Filho – v. 24.
A frase “sendo já grande”, tanto mostra que Moisés já não era mais uma criancinha incapaz de tomar suas próprias decisões (v. 23), quanto mostra que ele estava no auge de sua força física, capacidade intelectual e maturidade varonil (At 7: 22, 23).

Exatamente nessa fase tão dourada, Moisés “recusou ser chamado filho da filha de Faraó”. Esta sua recusa não indica apenas uma questão afetiva (porque gostava de sua mãe biológica não queria ter outra mãe). Indica, sim, uma questão de identificação. Por amar o povo de Deus, não queria ser identificado com as imoralidades e idolatria que caracterizavam aquele palácio.

b) Feridas x Festa – v. 25.
A escolha mencionada neste versículo é uma das mais difíceis e perigosas para uma vida jovem, como a de Moisés, a sua e a minha. Se quisesse, Moisés poderia realizar e desfrutar, sem restrições, de muitas festas, onde o “gozo do pecado” seria o convidado especial. Mas preferiu rejeitá-las.

Não há dúvida de que o pecado tem uma satisfação a oferecer. As bebidas alcoólicas, drogas ilícitas e intimidade sexual antes ou fora do casamento causam alegria e prazer enquanto a mente está entorpecida. Mas este estado de entorpecimento logo passa, e a pessoa que se entrega a essas coisas não demora a descobrir que o gozo do pecado foi “por um pouco de tempo”.

Ao invés disso, Moisés escolheu as feridas que o povo suportava. Nunca é demais lembrar que enquanto feridas causam cicatrizes no corpo, o gozo do pecado deixa sequelas na alma!

c) Fortuna x Futilidades – v. 26.
O que motivaria um homem extremamente rico a abrir mão de todo o seu tesouro? A descoberta de um tesouro ainda maior! E foi isso que Moisés fez. Ele pesou duas riquezas na balança: os tesouros que herdaria do Egito e as riquezas do vitupério de Cristo com sua recompensa. Se ele tivesse escolhido os tesouros do Egito, suas riquezas talvez tivessem durado apenas 120 anos (Dt 34:7). Mas por ter escolhido o vitupério de Cristo, sua recompensa o adorna por toda a eternidade.

Este versículo nos ensina uma verdade impressionante: se o Senhor Jesus ainda não tinha vindo ao mundo, como então Moisés pôde se identificar com o vitupério dEle? O povo que Moisés nasceu e com o qual escolheu sofrer, era o mesmo pelo qual o Cristo viria (Rm 9: 4, 5). Ao se identificar com o povo de Cristo, se identificou com o próprio Cristo.

Do que nos adiantaria sermos filhos de nobres e frequentarmos as melhores festas se, sem Deus, estas coisas são futilidades? Por outro lado, o que perderíamos se na melhor fase da nossa vida escolhêssemos as feridas de Cristo para herdar Sua fortuna?


Pese na balança da eternidade!

Pela fé - Moisés (0 a 3 meses)

As palavras de Hb 11:23 apresentam lições extremamente importantes para a família. Neste trecho vemos o que aconteceu a Moisés quando ele tina de 0 a 3 meses de idade. Numa idade como essa, a criança só não depende dos pais para respirar, mas no mais, em tudo é dependente. Aqui vemos três atitudes positivas nos pais de Moisés que devem ser reproduzidas nos que já são ou nos que pretendem ser pais.

a) Proteção familiar – “já nascido, foi escondido três meses por seus pais”.
Em Ex 2:1, 2 aprendemos que sua mãe o escondeu. Em At 7:20 aprendemos que foi escondido “em casa de seu pai” (singular). Já aqui em Hb 11:23 aprendemos que seus pais (plural) participaram juntos do ato de o esconder e proteger.

Toda criança precisa e se sente segura num lar onde há proteção física e afetiva, tanto da parte do pai quanto da parte da mãe.

b) Propósito da fé – “porque viram que era um menino formoso”.
É verdade que todo pai e mãe acha seu filho o mais bonito do mundo, mas esta não é simplesmente a verdade enfatizada aqui. Alguns expositores traduzem a mesma expressão em At 7:20 por “formoso para Deus”. Se isto estiver correto, então quer dizer que a beleza de Moisés, recém nascido, não era simplesmente física. Seus pais enxergaram nele um possível cumprimento dos propósitos de Deus para libertá-los do Egito.

Toda criança precisa que seus pais invistam em seu futuro (II Co 12:14), mas os pais espirituais investirão primeira e primordialmente em seu futuro para Deus. Dizem que C. H. Spurgeon disse a seu filho: “Meu filho, se Deus o chamar para ser um missionário, eu não gostaria de vê-lo se rebaixar se tornando um rei”.

c) Posição firme – “e não temeram o mandamento do rei”.
Uma das primeiras coisas com as quais uma criança irá se confrontar, será o curso da sociedade (o que todo mundo faz) e o que seus pais lhe dizem para fazer. Mesmo que a sociedade tenha uma ditadura que rege a moda, a fala e os gostos, como é bom encontrar pais que, “não temendo o mandamento do curso deste mundo”, se mantêm firmes em sua posição de ensinar a Palavra de Deus a seus filhos.


Como eu gostaria de ver mais pais assim! Como eu preciso ser um pai assim!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pela fé - José

As palavras iniciais em Hb 11:21, 22 são idênticas (nas versões AT e ARC): “Pela fé … próximo da morte”. Jacó, quando estava próximo da morte, abençoou e adorou. José, quando estava próximo da morte, previu a saída do povo e pediu que levassem seus ossos.

Muitas lições podem ser aprendidas se compararmos Hb 11:22 com Gn 50:24, 25, mas quero destacar uma verdade importante. José pediu que seus ossos fossem levados do Egito. É verdade que ele já estaria morto nesta ocasião, e que, num sentido físico e material não teria proveito algum em se fazer isso, mas ele sabia de uma verdade que por vezes esquecemos – nenhuma parte de nosso ser será deixada no “Egito”!

Repare três aparentes dificuldades:

a) Tempo. Depois que José morreu, passaram-se mais de duzentos anos até que o povo estivesse estabelecido na terra prometida, mas apesar de todo esse tempo, os ossos de José foram depositados naquela terra (Js 24:32).

b) Transporte. Ao sair do Egito, Moisés levou os ossos de José junto com o povo (Ex 13:19). Aqueles ossos atravessaram várias regiões, algumas com muitos perigos e inimigos, mas nada nem ninguém puderam detê-los.

c) Transformação. Os ossos de José ainda estão lá. Sem dúvidas já são ossos sequíssimos, e que não mostram nenhuma esperança de vida. Mas aguardam uma ocasião quando, unindo-se novamente ao espírito e a alma, serão transformados para nunca mais morrer.

Todas essas verdades podem ser ditas e cridas a respeito de nós.

Não importa quanto tempo já tenha decorrido da morte de um servo de Deus (cem, quinhentos, dois mil anos?) seu corpo chegará ao Céu, tanto quanto sua alma e espírito já estão lá.

Não importa se em vales (Sl 23:4), regiões ou esferas um salvo encontra inimigos (Ef 6:12), eles não poderão impedir o transporte do seu corpo, tanto quanto não puderam impedir o transporte de sua alma.

Não importa o quanto o corpo de um santo já se tenha decomposto (I Co 15:42-44), ou tenha sido despedaçado, queimado, virado pó (Hb 11:33-40)! Deus o transformará e o fará adaptável ao Céu, sem pecado e glorioso (Fp 3:20, 21).


Quando fomos salvos, Deus comprou não apenas nosso espírito e alma; comprou também nosso corpo. De fato: “E todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Pela fé - Jacó

Apesar de Jacó ter vivido quase a vida toda em enganos e fugas, o Espírito Santo quis mencionar, aqui em Hb 11:21, duas atitudes espirituais e exemplares neste homem.

a) Em relação aos homens - abençoou.
Os capítulos 48 e 49 de Gênesis relatam dois grupos que foram abençoados por Jacó. No primeiro foram os filhos de José, no segundo seus próprios filhos. Aquele que sempre procurava tirar vantagens em tudo, mesmo que isso significasse prejudicar os outros, agora se preocupa em beneficiar.

b) Em relação a Deus - adorou.
“Encostado à ponta do seu bordão” Jacó adorou ao Deus que o havia guardado e guiado por toda vida. A primeira pessoa de quem se lê na Bíblia que adorou a Deus foi seu avô, Abraão (Gn 22:5), agora seu neto, Jacó, segue seu exemplo. Na condição de avô Jacó abençoou seus netos, e na condição de neto seguiu o exemplo de seu avô, adorando ao mesmo Deus.


Bênção e adoração andam juntas. Se queremos adorar a Deus, não podemos maldizer os homens (Tg 3:9, 10). Que coerência há entre adorar Deus e falar mal de nossos irmãos? “Não convém que isto seja assim”!