terça-feira, 24 de outubro de 2017

A origem de Satanás

A origem de Satanás remonta à Criação, quando todos os anjos foram criados. Olhando para Ezequiel 28 novamente, temos a confirmação de que Satanás é um ser criado: “No dia em que foste criado ... desde o dia em que foste criado” (Ez 28:13, 15). O diabo não tem os atributos da divindade, como os outros anjos também não têm. Ele não é eterno no sentido de sempre ter existido. No dia quando todos os anjos foram criados, ele foi criado também.

[...] A descrição impressionante que é dada a respeito dele não deixa dúvidas de que ele tinha uma grande patente na hierarquia angelical. Em Ezequiel 28:12 e 14 a presença do artigo sugere a singularidade da sua posição: “Tu eras o sinete da medida ... tu eras o querubim”.

[...] Havia uma perfeição e beleza em Satanás, como querubim, como provavelmente nunca se viu em nenhum outro ser criado. A sua perfeição é enfatizada em termos inconfundíveis. Ele era o “sinete [ou selo] da perfeição” (v. 12, ARA) e “perfeito eras nos teus caminhos” (v. 15). Não havia nenhuma feiura em sua aparência, nenhum defeito em seu corpo, nenhuma falha em seu caráter.

Além desta perfeição em seu ser, ele também trazia consigo uma beleza externa impressionante: “De toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro” (v. 13). Neste versículo o ouro é o único mineral que não se classifica como uma pedra, muito embora seja o mais valioso dos metais. Se a tradução da ARA estiver correta (“de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos”), então o ouro foi o material usado para fazer a guarnição que segurava as pedras preciosas no manto desse querubim. Neste versículo, a palavra “cobertura” indica um vestido ou manto. O tipo de roupa que este querubim usava era tão magnífica, que exemplares das mais lindas pedras preciosas eram engastadas em puro ouro e brilhavam presas em seu manto.

A expressão “no meio das pedras afogueadas” (vs. 14, 16) provavelmente indica o brilho intenso das pedras que haviam por onde este querubim passava. Enquanto ele andava, e pelo caminho pelo qual andava, a luz emitida das pedras refratava nele e se mesclava ao brilho das pedras preciosas que estavam em sua roupa, causando uma visão deslumbrante de beleza e glória.

[...] Com toda esta perfeição e beleza, era de se esperar que este “querubim cobridor” vivesse sempre para dar glórias a Deus e conduzir os outros seres celestiais ao mesmo louvor. Entretanto, não demorou muito para que ele olhasse para si mesmo com orgulho: “Até que se achou iniquidade em ti” (v. 15). O tipo de pecado e a motivação dele é dada no versículo 17: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor”. O pecado deste querubim foi o orgulho, e a causa do orgulho foi a perfeição da sua beleza. Este querubim se tornou tão cheio de si que não reconheceu que toda aquela perfeição que ostentava era proveniente da soberania de Deus, que lhe havia ornado com tantos favores.

[...] Nesta queda sem precedentes de Satanás, temos uma lição muito solene para todo servo de Deus: o orgulho é indiscutivelmente perigoso! Pode ser que uma moça cristã seja bem mais bonita do que muitas outras moças que ela conheça. Pode ser que o rapaz cristão seja bem mais inteligente do que os outros rapazes do seu círculo de amizade. Pode ser que um irmão se destaque numa igreja local pelo seu muito conhecimento bíblico e facilidade para ensinar “pontos difíceis de entender” (II Pe 3:16). Pode ser que uma família de salvos seja bem mais rica do que todas as outras famílias. Tudo isto é muito agradável e têm suas vantagens. Mas, ao mesmo tempo, se estas coisas forem usadas como forma de autopromoção, isto pode ser o primeiro indício de uma queda desastrosa.

(Do livro “Anjos”, que será publicado em breve, se Deus permitir.)