sábado, 8 de julho de 2017

A escolha do sumo sacerdote

Era um grande privilégio servir como sumo sacerdote em Israel. Este privilégio, porém, não era desfrutado por qualquer pessoa, escolhida avulsamente no meio do povo, nem por aquele que tivesse um grande desejo de se tornar um. Na verdade, “ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” (Hb 5:4). A escolha do sumo sacerdote não era deixada à mercê da sabedoria ou preferencia humanas. Era necessário ser escolhido diretamente por Deus.

Num certo sentido até entendemos isso. Um sumo sacerdote deveria representar o povo diante de Deus e representar a Deus diante do povo. Não era qualquer pessoa que poderia exercer esta dupla responsabilidade. Pensando, porém, na escolha do primeiro sumo sacerdote, Arão, nos surge uma pergunta um tanto intrigante: Por que Deus escolheu Arão para ser sumo sacerdote, e não Moisés? Do nosso ponto de vista Moisés era o homem ideal para ser o sumo sacerdote. Ele era profeta, influente, fora criado no suntuoso ambiente do palácio real e era um grande líder militar. Por que, então, não se tornar também o líder religioso? A resposta mais simples a esta pergunta é: Deus tem o direito soberano de escolher a quem Ele quiser para realizar a Sua obra. Se Ele quis escolher Arão, e não Moisés, temos que aceitar a Sua escolha.

Entretanto, creio que há mais uma razão além desta. Entre as funções do sumo sacerdote ele deveria servir “a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus” e também “compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados” (Hb 5:1-2). Isto quer dizer que o sumo sacerdote deveria entender o povo. Seria incoerente um sumo sacerdote que comparecesse diante de Deus para representar o povo sem qualquer sentimento de compaixão pelo povo, ou que nunca tivesse sentido na própria pele as dores do povo. É verdade que Moisés escolheu ser maltratado com o povo (Hb 11:25), mas a maior parte dos seus primeiros 40 anos foram vividos no conforto do palácio. Arão, em contrapartida, viveu entre o povo sofrendo as mesmas injustiças, sentindo as mesmas dores e nutrindo os mesmos desejos. Quando comparecesse diante de Deus “a favor dos homens”, ele faria isso com muito carinho, sabendo exatamente o que os homens sentiam.       

Desta mesma forma o Senhor Jesus, nosso sumo sacerdote, Se compadece de nós. Enquanto andou por este mundo Ele não viveu como um rico aristocrata. Pelo contrário, Ele “Se fez pobre” (II Co 8:9), nasceu em condições humildes (Lc 2:7), viveu numa cidade desprezada (Jo 1:45-46) e comia com os rejeitados (Mc 2:16). Além disto, experimentou as mesmas necessidades que nós. Ele sentiu fome (Mt 4:2), sede (Jo 19:28), cansaço (Jo 4:6) e sono (Mc 4:38). Nosso Senhor também sentiu as mesmas sensações que nós. Ele amou (Jo 13:1), teve compaixão (Mt 9:36), Se alegrou (Lc 10:21), sentiu tristeza (Mt 26:38) e chorou (Jo 11:35).

É real e maravilhoso saber que, agora, o Senhor Jesus comparece por nós diante de Deus (Hb 9:24) e intercede por nós (Rm 8:34; Hb 7:25). Ele conhece os sofrimentos pelos quais passamos aqui, e também já experimentou as coisas que nos entristecem. Ele sentiu as coisas que nós sentimos, e entende quando, prostrados e cansados, choramos. Ele experimentou todas estas coisas, com a única exceção do pecado, que Ele nunca cometeu (Hb 4:14-16).


Como é bom saber que o nosso sumo sacerdote, o Senhor Jesus, não nos trata com indiferença. Na verdade, Ele conhece tão de perto nossas dores e fraquezas que nos leva em seu próprio coração!  

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